Fraga do Calvo: o retomar de um sonho adiado

Mind the Glass
Leitor Wine & Stuff
Credits: Miss Vitis

O projeto Fraga do Calvo pretende manter bem viva a aspiração de um familiar. Em Alijó, Gil Taveira, fez renascer um projeto vitivinícola que ambiciona crescer e solidificar-se. É um Douro clássico na essência, mostrando todo o carácter e frescura das terras altas.

Em 1951, José Marinho era apenas um jovem quando iniciou a aventura da emigração, longe das suas origens, do outro lado do Atlântico. As razões foram as mesmas de muitos conterrâneos e compatriotas: a busca de uma vida melhor. As longas horas de trabalho muito duro no Brasil não obstaculizaram alguns períodos de ócio que permitiram desenvolver algumas ligações sociais. Num desses momentos de descontração conheceu Etelvina Alves, a mulher que o encantou e com a qual regressou a Portugal, na década de 60, para casar e constituir família.

Com o dinheiro amealhado resolveu retomar um velho sonho e comprou a Fraguita, uma propriedade no Douro com três hectares, situada em Cabeda, no concelho de Alijó, na qual desenvolveu com grande entusiasmo a produção de vinho que depois vendia na movimentada taberna do centro da povoação, por onde passava a Estrada Nacional 15, sendo na altura a única ligação entre a cidade do Porto e os territórios situados para lá da Serra do Marão. Contudo, a finitude da vida colocaria um ponto final na sua paixão.

Em 2014, um dos netos que quis dar continuidade ao sonho adiado e ao legado do seu avô.  “Foi preciso tempo e algumas pessoas para que o meu desejo de colocar as mãos na terra ganhasse a força necessária para eu recomeçar uma história e dar continuidade a um sonho antigo, o sonho adiado de José Marinho”. Refere, Gil Taveira, o atual mentor e enólogo do projeto.

Credits: Miss Vitis

Uma nova fase de expansão

Como seria de esperar, os novos projetos vínicos não estão isentos de numerosos desafios, dificuldades e constrangimentos. “O meu projeto de vida é pautado por muitos episódios de luta e persistência que, desaguam em singulares momentos de felicidade”, diz Gil Taveira.

Um dos maiores constrangimentos que teve de ultrapassar foi o arrendamento de novos vinhedos, com características semelhantes ao original, que oferecessem garantias de qualidade. Atualmente, o projeto apresenta um total de 5 hectares de vinha compostas pelas castas brancas: Códega do Larinho, Gouveio e Viosinho. Relativamente às castas tintas apresenta um encepamento composto por Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz.

Ano após ano o projeto foi crescendo, o que começou com uma pequena vinha no Douro transformou-se num projeto vínico viável, no qual inclui uma parceria com viticultores na região da Beira Interior, iniciada em 2018, dando início a uma nova marca e a vários vinhos. “Foi preciso tempo e algumas pessoas para que o meu desejo de colocar as mãos na terra ganhasse a força necessária para eu recomeçar uma história e dar continuidade a um sonho antigo, o sonho adiado de José Marinho”, refere Gil Taveira.

O sonho não acaba aqui, ao que parece este projeto terá novos desenvolvimentos, diz o enólogo, “hoje sei que a emoção e o amor são duas das mais valiosas ferramentas que utilizarei para que este sonho não mais seja adiado! O futuro não está planeado, mas… é inevitável.”.

Credits: Miss Vitis

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