Ficha da Casta
Variedade
Castelão
Sinonímia
Bastardo Castiço, Castelão Francês, João Santarém, João de Santarém, Periquita, Piriquita e Piriquito.
Variedades erradamente identificadas com a Castelão
Camarate, Moreto do Alentejo, Pedral, Trincadeira e Trousseau.
Origens
A origem da casta está historicamente ligada ao Sul do país mas a primeira referência foi em 1532, na obra “Descrição do terreno duas léguas em roda da cidade de Lamego”. Mais tarde, em 1712, Vincenzo Alarte reporta a sensibilidade da casta ao desavinho no seu livro “Agricultura das vinhas”. José da Silva reporta-a no livro “Memória sobre a cultura das vinhas e sobre os vinhos”, em 1788. Três anos mais tarde, Francisco da Fonseca refere a casta Castellam no livro “Memoria sobre a cultura das vinhas, e manufacturas”.
Em 1822, António Gyrão identifica a casta “Castellão” no “Tratado Theorico e Pratico da Agricultura das Vinhas. António Augusto de Aguiar refere-a como “Castellam Francez”, na obra “Memoria sobre os processos de vinificação”, em 1867. João Lappa reporta-a em Torres Vedras, Lavradio e Azeitão em, 1874, no livro “Technologia Rural”.
Características
A casta apresenta um vigor médio e uma produtividade elevada (mais de 15 t/ha). O cacho é médio/grande (120 a 270 g), e compacto. O bago tem uma película mediana. A casta é relativamente tolerante a fatores abióticos mas é sensível à podridão no período da floração.
Regiões de Maior Relevância e Expansão
A casta encontrava-se plantada em 8133 hectares, no ano de 2018, sendo a quarta casta tinta mais plantada em Portugal, correspondendo a 4 % do total nacional. É uma variedade que se encontra quase exclusivamente no Sul de Portugal.
A região que apresentava as maiores manchas de plantio, com 3349 hectares, o que correspondia a 46 % do total, era a Península de Setúbal, em 2018. A casta também se encontrava plantada em 1471 hectares na região de Lisboa, o que correspondia a cerca de 11%. No Tejo as plantações atingiram os 1471 hectares, em 2018. Na região do Alentejo a plantação era de 1155 hectares, o que correspondia a 5% do total, em 2018.
Na região do Algarve a implantação da casta atingiu os 222 hectares, correspondendo a cerca de 16% do total, em 2018.
Parentalidade
As investigações de DNA realizadas por Zinelabidine e posteriormente publicadas em 2012 revelaram que a Castelão surgiu após o cruzamento natural da casta Alfrocheiro com a Mourisco Branco.
A Castelão deu origem a várias castas incluindo a Água Santa e a Agronómica.
Notas de Prova
Os vinhos desta casta são frequentemente de cor granada, com a aromas a groselha e frutos silvestres. No palato são macios, equilibrados e persistentes.
Fontes
- Böhm, Jorge (2007), Portugal Vitícola – O Grande Livro das Castas, Chaves Ferreira Publicações, Lisboa
- Robinson, Jancis; Harding, Julia; Vouillamoz, José (2012), Wine Grapes: A Complete Guide to 1,368 Vine Varieties, including their Origins and Flavours, Penguin Group, Londres
- Zenelabidine, L; Haddioui, A; Rodríguez, V; Cabello, F; Eiras-Dias, J; Zapater, J (2012) Identification by SNP analysis of a major role for Cayetana Blanca in the generic network of Iberian Peninsula grapevine varieties in American Journal of Enology and Viticulture 63, 1: 121-6
- https://www.ivv.gov.pt (16 de novembro de 2020)