Agora que foi virada a página gélida da pandemia mostra-se o verão quente, despido das roupas mais pesadas e das máscaras cirúrgicas mais leves.
Cá por casa, as escolhas vínicas desta época recaem, particularmente, em vinhos brancos, rosés e espumantes de perfil fresco, pouco extraídos e ainda menos marcados pela barrica. Assim, apresento 12 escolhas para o Verão, para todas as bolsas.
Rosés
A França não é o único país conhecido pela produção de Rosé. Em Espanha, por exemplo, são produzidos em muitas regiões e variam muito na cor e intensidade. Por cá, a história do rosé é muito particular, começou como um vinho de mesa simples, frutado e meio seco. Atualmente, é encarado como um produto de luxo de cor e intensidade variável.
Já sabíamos que a Touriga Nacional é uma casta de enorme plasticidade. A temos mais uma prova disso mesmo. Um vinho sem barrica, muito fresco e fácil de beber nos finais tórridos de praia que se avizinham.
A segunda escolha recai sobre uma das mais interessantes estreias no capítulo dos rosés nacionais, por um preço justo. Esta referência seduz à primeira vista pela cor aberta. O arrebatamento final surge através dos aromas e sabores a frutos vermelhos envoltos em leves especiarias. A acidez bem marcada e o final longo carimbam uma paixão de verão e remetem este vinho para a mesa.
A casta Syrah produz excelentes vinhos tintos, mas não se esgota nestes. Também podemos apreciar um dos melhores rosés nacionais que é já um clássico e o verão remete para vinhos de outras colorações. A acidez bem marcada combinada com um perfil austero, subtil e delicado remetem esta referência para a mesa.
Uma referência que mostra a capacidade de envelhecimento desta tipologia de vinhos. Será que os Rosés com alguma idade também ganharão o seu espaço nas preferências do consumidor? Só o tempo o dirá.
A Bairrada é uma das regiões mais completas e complexas do nosso país. A prova que também produz excelentes rosés é esta referência. De caráter austero, encorpado e elegante. A acidez quase cortante equilibra o peso do álcool e remete-o para a mesa. Uma peça de joalharia imperdível para qualquer momento do calendário.
Brancos
Os vinhos brancos de caráter fresco e mineral são perfeitos para esta época e se forem pouco marcados pela barrica tanto melhor.
Este vinho revela aromas e sabores a fruta cítrica, fruta verde e fruta tropical. Uma referência fácil de beber, fresca e equilibrada. Uma boa aposta para o dia a dia.
O perfil oxidativo, o álcool muito baixo e leve tanino agradará a todos aqueles que gostam de vinhos fora da caixa. Este é mais um excelente projeto apadrinhado pela verdadeira encubadora de vinhos do Tiago Sampaio.
Um vinho com aromas leves a flores, fruta cítrica, especiarias e muito mineral. No palato confirma a fruta cítrica e mostra leves especiarias. O perfil austero, tenso, elegante e de grande equilíbrio colocam esta referência no escaparate dos melhores exemplares da casta Alvarinho. Um grande vinho.
A casta Cercial é uma aposta recente na Bairrada. Aqui encontramos um grande vinho proveniente de uma casta com elevado potencial capaz de rivalizar com as tradicionais Maria Gomes e Bical. A não perder.
Ainda e sempre os Açores. Nestas ilhas são produzidos alguns dos melhores vinhos brancos nacionais. O Vinha dos Utras é um excelente exemplo disso mesmo. Uma referência invulgar e avassaladora que coloca o nosso país sob o foco mundial das atenções. A não perder.
Espumantes
O verão não seria o mesmo sem os espumantes. Há muito que os consumidores nacionais os bebem fora das ocasiões festivas e ainda bem.
A Bairrada é uma região pioneira na produção de espumantes nacionais. A última novidade da Quinta das Bágeiras passa pela fermentação em barrica e pelos 4 anos de estágio que emprestaram uma complexidade suplementar a este grande espumante. A não perder.
Este espumante foi elaborado com Pinot Noir, uma casta mítica na elaboração dos grandes “Champagnes”. Este mostra-se quase etéreo e contido tal é a elegância revelada. Imperdível. Um vinho com elevada nota artística. Eu tomaria banho nele!